Contribuições das Virtudes e Forças de Caráter para a Dimensão Pessoal do Projeto de Vida dos Estudantes do Ensino Médio

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17921/2447-8733.2025v26n1p138-146

Resumo

Com o propósito de contribuir com o componente curricular Projeto de Vida de estudantes do Ensino Médio de uma Escola Estadual localizada na Grande São Paulo. O presente artigo visa verificar como o reconhecimento das virtudes e forças de caráter pode contribuir para a dimensão pessoal do Projeto de Vida dos estudantes. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa de natureza aplicada, com objetivo exploratório. O instrumento utilizado para a investigação foi um questionário sobre virtudes e forças de caráter, composto por 38 questões, sendo 24 de forças de caráter, subdivididas em 6 virtudes. O questionário foi confeccionado pelo grupo de pesquisa GPSEI – Ser, Estar e Integrar na educação, segundo as perspectivas da psicologia positiva. Participaram da pesquisa 32 estudantes do Ensino Médio regular noturno. A pesquisa ajudou a reconhecer características individuais positivas e potencialidades subjetivas dos estudantes do Ensino Médio, além de favorecer a maturação das funções executivas no componente curricular Projeto de Vida. As conclusões a que chegamos nesta pesquisa incidem sobre o fato, de que as virtudes e forças de caráter identificadas (como perspectiva, integridade, generosidade, justiça, prudência e gratidão) têm importantes implicações na vida cotidiana, promovendo bem-estar, controle pessoal e contribuindo para a igualdade, justiça e emancipação social.

Palavras-chave: Autoconhecimento. Componente Curricular. Potencialidades Subjetivas.

Abstract
With the aim of contributing to the Life Project curriculum component of secondary school students at a state school located in Greater São Paulo, this article aims to explore how recognizing virtues and character strengths can contribute to the personal dimension of the students' Life Project. The research had a qualitative approach of an applied nature, with an exploratory objective. The instrument used for the investigation was a questionnaire on virtues and character strengths, consisting of 38 questions, 24 of which were focused on character strengths, subdivided into 6 virtues. The questionnaire was developed by the GPSEI research group - Being, Existing, and Integrating in Education, according to the perspectives of positive psychology. Thirty-two regular evening secondary school students took part. The research helped to recognize positive individual characteristics and subjective potential in secondary school students, as well as fostering the maturation of executive functions in the Life Project curriculum component. The conclusions reached in this research highlight the fact that the virtues and character strengths identified (such as perspective, integrity, generosity, justice, prudence, and gratitude) have important implications in everyday life, promoting well-being, personal control, and contributing to equality, justice, and social emancipation.

Keywords: Self-knowledge. Curriculum Component. Subjective Potential.

Biografia do Autor

Leocádio Bibiano Barreto, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. SP, Brasil.

Graduado em Matemática pela Universidade Cruzeiro do Sul (2000). Especialização em Magistério do Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003). Especialização em Administração e Supervisão Escolar pela Universidade Nove de Julho (2006). Especialização em Matemática Aplicada pela Universidade de Mogi das Cruzes (2011). Especialização em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal do ABC (2015). Especialização em Metodologia do Ensino de Matemática e Física pela Universidade Braz Cubas (2017). Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática (2023). Atualmente trabalha como docente efetivo na SME-SP e SEE-SP.

Diva Valério Novaes, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. SP. Brasil.

Pós doutora na área de Políticas, Administração e Sistemas Educacionais na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, desenvolveu o trabalho intitulado Análise da Gestão de Instituto Federal: Desafios e Oportunidades da Expansão Em Rede, concluído no segundo semestre de 2014. Doutora em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2011). Possui mestrado em Educação Matemática (2004) e graduação em Matemática (1986) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. No Mestrado e Doutorado desenvolveu tema sobre Educação Estatística. Possui especialização em Gestão de Instituições de Educação Técnico Profissional, pelo Centro de Altos Estudos Universitários da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEA), concluído em 2014. Professora titular do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), integrante do quadro permanente nesta instituição, desde 1992, atuou como professora de Matemática na Escola Básica, Estatística no Ensino Superior da Educação Tecnológica, Didática e Orientação da Prática Docente nos cursos de Formação Inicial de Professores no IFSP. Exerceu ainda, várias funções na área pedagógica e de Diretora do Campus São Paulo do CEFETSP, atual IFSP. É autora de dois livros: Estatística Para A Educação Profissional, Editora Atlas/GEN e Currículo, legislação e prática em políticas de ações afirmativas e sustentabilidade: uma abordagem para a Educação Socioemocional. Atualmente é coordenadora do Grupo de pesquisa Ser, Estar e Integrar Competências na Educação Básica, registrado no CNPQ, professora de Estatística e Didática no Programa de Mestrado em Ciências e Matemática do IFSP.

Referências

BRASIL. Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 21 dez. 2024.

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Manual operacional de Educação Integral. Brasília, DF, 2013. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=14458-manual-mais-educacao-2013-final-171013-2-pdf&category_slug=outubro-2013-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 21 dez. 2024.

BRASIL. Medida Provisória n.º 746, de 22 de setembro de 2016. Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Brasília, DF, 2016. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2016/Mpv/mpv746.htm. Acesso em: 20 dez. 2024.

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 521, de 13 de julho de 2021. Institui o Cronograma Nacional de Implementação do Novo Ensino Médio. Diário Oficial da União, edição 131, seção 1, p. 47, Brasília, DF, 14 jul. 2017.

BRASIL. Lei n.º 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis n º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: MEC, 2017a. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20152018/2017/lei/l13415.htm. Acesso em: 20 dez. 2024.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC, 2018..

BRASIL. Lei n.º 14.945, de 31 de julho de 2024. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a fim de definir diretrizes para o ensino médio. Brasília, DF, 2024. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20232026/2024/Lei/L14945.htm. Acesso em: 21 dez. 2024.

CARVALHO, N.A.; VEIGA, F.H. Bem-estar psicológico e recursos de desenvolvimento: Caracterização em alunos adolescentes. Rev. Psicol. Pesq., v.14, n.2, p.91-111, 2020. doi: https://doi.org/10.34019/19821247.2020.v14.27503.

CAVALLARO, A.P.O.; COUTO, L.M.F.; NORONHA, A.P.P. Forças pessoais, bem-estar subjetivo e autoestima: Invariância fatorial entre ensino médio e técnico. Rev. Iberoam. Diagn. Aval. Psicol., v.3, n.69, p.77-87, 2023. doi: https://doi.org/10.21865/RIDEP69.3.07.

DAYRELL, J. O Ensino Médio no Brasil e seus desafios: o que dizem os jovens sobre os processos de exclusão escolar. Ling. Educ. Soc., n. 29, p. 77-102, 2013.

DELLAZANA-ZANON, L.L.; FREITAS, L.B.L. Uma revisão de literatura sobre a definição de Projeto de Vida na adolescência. Interação Psicol., v.19, n.2, p.281-292, 2015. doi: http://dx.doi.org/10.5380/psi.v19i2.35218.

FREITAS, A. L. P.; RODRIGUES, S. G. A. Avaliação da confiabilidade de questionário: uma análise utilizando o coeficiente alfa de Cronbach In: SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 12., 2005. Anais [...]. Bauru-SP: UNESP, 2005. doi: http://dx.doi.org/10.13140/2.1.3075.6808.

GARDNER, H. O verdadeiro, o belo e o bom redefinidos: novas diretrizes para a educação no século XXI. Rio de Janeiro: Rocco, 2012.

GROCHKA, B.N. Relações na Pós-modernidade: a ausência de autoconhecimento e a dificuldade de solucionar conflitos. Rev. Psicol. Argum., v.39, n.106, p.985-1004, 2021.

GROPPO, L. A. Teorias críticas da juventude: geração, moratória social e subculturas juvenis. Rev. Em Tese, v.12, n.1, 2015. doi: https://doi.org/10.5007/1806-5023.2015v12n1p4.

HORA, H.R.M.; MONTEIRO, G.T.R.; ARICA, J. Confiabilidade em questionários para qualidade: um estudo com o coeficiente alfa de Cronbach. Prod. Produção, v.11, n.2, p.85-103, 2010. doi: https://doi.org/10.22456/1983-8026.9321.

KLEIN, A.M.; ARANTES, V.A. Projetos de vida de jovens estudantes do Ensino Médio e a escola. Educ. Real., v.41, n. 1, p.135-154, 2016. doi: https://doi.org/10.1590/2175-623656117.

LANDIS, J.R.; KOCH, G.G. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics, v.33, p.159-174, 1977. doi: https://doi.org/10.2307/2529310.

LUCIAN, R.; DORNELAS, J.S. Mensuração de atitude: proposição de um protocolo de elaboração de escalas. Rev. Adm. Contemp., v.19, p.157-177, 2015. doi: https://doi.org/10.1590/1982-7849rac20151559.

MACEDO, L.; BRESSAN, R.A. Desafios da aprendizagem: como as neurociências podem ajudar pais e professores. São Paulo: Papirus, 2016.

MERCALI, G. D.; COSTA, S. G. Forças de caráter pessoal dos docentes de Ensino Superior no Brasil. Rev. Ens. Educ. Ciênc. Hum., v. 22, n. 5, p. 745-756, 2021. doi: https://doi.org/10.17921/2447-8733.2021v22n5p745-756.

MESQUITA, F.J. O que há de Projeto de Vida para os estudantes e educadores no currículo? Reflexões sobre o caderno orientador de Projeto de Vida da rede pública estadual de Minas Gerais. Rev. Inter-Ação, v.48, n.1, p.15-29, 2023. doi: https://doi.org/10.5216/ia.v48i1.75018.

NASCIMENTO, I.M.A.L.; HARTMANN JÚNIOR, J.A.S. Pontos fortes de caráter envolvidos na prática docente: a perspectiva do professor. Pesq. Soc. Desenvol., v.10, n.7, e8610716408, 2021. doi: https://doi.org/10.33448/rsd-v10i7.16408.

NIEMIEC, R.M. Intervenções com forças de caráter: um guia de campo para praticantes. São Paulo: Hogrefe, 2019.

NIEMIEC, R.M.; MCGRATH, R.E. O poder das 24 forças de caráter: valorize e impulsione o seu melhor. São Paulo: Geniantis, 2021.

PETERSON, C.; SELIGMAN, M.E.P. Character strengths in fifty-four nations and the fifty us states. J. Positive Psychol., v.1, n.3, p.118-129, 2006.

PARK, N.; PETERSON, C. Pontos fortes de caráter: pesquisa e prática. J. Coll. Character, v. 10, n. 4, 2009.

PETERSON, C.; SELIGMAN, M. E. P. Character Strengths and Virtues: a handbook and classification. New York. Washington: American Psychological Association, 2004.

RUIZ, J. E. L. et al. Os seis pilares da autoestima e a integração corpo e mente. Rev. Temas Educ. Saúde, v.11, p.27-34, 2016.

SÁ, R.C. et al. O novo Ensino Médio e o projeto de vida: mobilizando o protagonismo do aluno na escola. Res. Soc. Develop., v.11, n.13, 2022. doi: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i13.35077.

SÃO PAULO (Estado). Currículo Paulista – Etapa Ensino Médio. São Paulo: SEE-SP, 2020a. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/. Acesso em: 20 dez. 2024.

SÃO PAULO (Estado). Diretrizes Curriculares Projeto de Vida. São Paulo: SEE-SP, 2020b. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/wp-content/uploads/download/Projeto%20de%20Vida/Diretrizes%20Curriculares%20Projeto%20de%20Vida%20Revisa%CC%83o_V1.pdf. Acesso em: 20 dez. 2024.

SANTOS, K.S.; GONTIJO, S.B.F. Ensino Médio e Projeto de Vida: possibilidades e desafios. Rev. Nova Paideia, v.2, n.1. p.19-34, 2020. doi: https://doi.org/10.36732/riep.v2i1.52.

SEIBEL, B.L.; DESOUSA, D.; KOLLER, S.H. Adaptação Brasileira e Estrutura Fatorial da Escala 240-item VIA Inventory of Strengths. Psico-USF, v.20, n.3, p.371-383, 2015. doi: https://doi.org/10.1590/1413-82712015200301.

SELIGMAN, M.E.P. Felicidade autêntica: use a Psicologia Positiva para alcançar todo seu potencial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2019.

SILVA, C.H.F. et al. Componente Curricular Projeto de Vida: perspectivas de professoras da rede estadual de São Paulo. Psicol. Ciênc. Prof., v.43, e262428, p.1-16, 2023. doi: https://doi.org/10.1590/1982-3703003262428.

SILVA, M.A.M.D.; DANZA, H.C. Projeto de Vida e Identidade: articulações e implicações para a educação. Educ. Rev., v.38, e35845, 2022. doi: https://doi.org/10.1590/0102-469835845.

SHAVELSON, R.J. Biographical memoirs: Lee J. Cronbach. Am. Philos. Soc., v.147, n.4. p.379-385, 2009.

SKINNER, B.F. Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

STREINER, D. Começando pelo Início: Uma Introdução ao Coeficiente Alfa e à Consistência Interna. J. Person. Assess., v.80, p.99-103, 2003. doi: https://doi.org/10.1207/S15327752JPA8001_18.

TOLEDO, C.C.R.; NORONHA, A.P.P.; DIAS-VIANA, J.L. Forças de caráter e construção de projetos vida na adolescência. Rev. Bras. Orient. Prof., v.22, n.1, p.41-50, 2021.

URURAHY, G.; ALBERT, E. O cérebro emocional: as emoções e o estresse do cotidiano. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.

URURAHY, G.; ALBERT, E. Emoções e Saúde: um novo olhar sobre a prevenção. Rio de Janeiro: Bicicleta Amarela, 2015.

Downloads

Publicado

2025-03-28

Como Citar

BARRETO, Leocádio Bibiano; NOVAES, Diva Valério. Contribuições das Virtudes e Forças de Caráter para a Dimensão Pessoal do Projeto de Vida dos Estudantes do Ensino Médio. Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, [S. l.], v. 26, n. 1, p. 138–146, 2025. DOI: 10.17921/2447-8733.2025v26n1p138-146. Disponível em: https://revistaensinoeeducacao.pgsscogna.com.br/ensino/article/view/13245. Acesso em: 13 jun. 2025.

Edição

Seção

Artigos